8.3.10

Se a mão escreve com o tinteiro da alma
Logo prefiro uma escrita azul
Como o leopardo que pari em poema branco

Daqui em diante escreverei frutos
E com os dedos em chamas acenderei as palavras e as mulheres nas ramadas

Se me recolho como o verão se recolhe para ver entrar a chuva
É dia de dizer aos amigos que volto já e apagar distâncias

Se o sol abrisse uma loja em cada esquina a felicidade teria bons preços
E a cada instante cobria-se o precipício com valentia

Escrevo pelas manhãs porque é nas manhãs que a língua acorda
para o milagre
E saibam que não há fenómeno no fígado que derreto
quando o azul da tinta se acaba.

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