19.9.10

O HOMEM DE PALETÓ

Noite enluarada
Por Deus abençoada...
Em passos longos
Ele anda
A fonte ainda está na praça
Pensou...
A mesma praça que um dia
Tanto lhe tocou
Lembranças de outros tempos
De uma infância
que ficou para trás...
Agora ele, homem feito
Não esconde seus medos
Pelo contrário, os mostra
E assim cabisbaixo
Fecha seu paletó
O frio intenso, agora o incomoda...
Abre então o guarda-chuva
Pois começa um chuvisco inesperado
Pensa então:
Para onde vou? Para que lado?
Incerta é sua vida agora
Depois que perdeu tudo
Nem uma casa, nem amigos
Só a solidão...
E com esse vazio no peito
Grita alto:
Não, não!
Coitado do homem de paletó
Seu nome é Desespero
Irmão da Desilusão...
Fadado à sua sina
Senta à beira de um degrau
Quando chega uma antiga conhecida
Ele a fita, e dá um sorriso
Minha prima, pensou
Seu nome é Esperança
Filha da tia Luz
E assim, Esperança dá a mão ao Desespero
E ele sorri mais
Esperança é muito boa, e diz:
Ainda estou aqui
Prove um pouco de mim
E voltará a ser feliz, assim...

FÁTIMA ABREU

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