15.1.12

Vento de lá

Vento de lá:

As saudades mesclam as mechas dos cabelos brancos na poeira.

E de lá, tão longe, penso nos olhares molhados, no coração apertado, estufado simulacro da paixão.

Como saber a distância ao certo, tudo está tão perto?

O olho aberto no entardecer vê o peso da viagem.

Vou ao deserto visitar por certo, o moço selvagem.

Ir à praia e abandonar-me desnuda em sedentas ondas revoltas.

Caminhar descalça e entrar pela Estrada Real, cavar terras,

Enrolar-me na lama,

Infiltrar-me em túneis e cavernas,

Ficar sentada vivendo a vida a mirar-me.

Refletora, incendiada,

Sentindo saudades de lá!

Diana Balis, Trancoso, 1986.

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