salvador dali
um dia. antes de partir. voltarei à minha igreja. aquela que me baptizou para o mundo dos justos – pela última vez. suplicarei ao “meu” deus que aceite no seu reino homens que não tiveram coragem de morrer pregados a uma cruz – estou quase certo de que não obterei qualquer tipo de resposta – o silêncio na sua casa é sepulcral – concluirei que deus é surdo. mudo. e não conhece a linguagem gestual – desconfortável com o próprio corpo. castigarei a fé cega com que animei os sonhos – partirei. invocarei todos os demónios que acolho em mim. cerrarei definitivamente os olhos em frente ao santo que jurou proteger-me contra todos os males. passados. presentes e futuros. tanto da alma como do corpo – não há justiça nos homens que criaste à tua imagem e semelhança – parto. deixo a tua casa com o sabor de uma partida amarga – sossega. não acredito na ressurreição. como diz mia couto “ o que está queimado não volta a arder”
sampaio rego
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