Imagem: В.Федотко
É
de silêncios que eu falo, dessa chama sem nome que nos leva a cirandar
telescópicamente pelos veios da claridade, e que em cada caminho se
abrem caminhos de púrpura imaginação. É de silêncios que me alimento e
construo a minha vida sobre a vegetação do poema. Serei verdade até ao
fim, nem que isso me custe os dois ouvidos. Viverei todas as eternidades
na casa silenciosa, se possível, feita de livros calados, com uma
árvore bem no centro do quarto para os mistérios serem mais naturais.
Desço
pela corda do mundo, sonho até doer, lavo o meu corpo com restos dos
dias e, num sol verdejante, atiro sensações à terra. Este é o meu
sadismo, o meu pão, a minha cúpula, a minha senilidade perante a
natureza. Assim, quando transporto relâmpagos vivos torno ridícula a
realidade.
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