15.12.09

É urgente silenciar o silêncio



É urgente
É urgente silenciar o silêncio
Este silêncio ensurdecedor
Que me fustiga a alma
Sem cessar...

Anoiteço
E amanheço
Mergulhada neste Insuportável
Zumbido silencioso...

Que me esmaga o corpo
Contra as paredes
Cravejadas
De cacos de vidro
Afiados como gumes
Que se estreitam
Sobre mim
Golpeando-me de morte
Num sufoco interminável

É urgente
É urgente secar a fonte
Que inundou o meu sentir
E afogou o meu ser

E eu já não sou
Se não um corpo morto
Meio apodrecido
E jogado no fundo deste poço
Sem fim

Onde já ninguém me procura
É urgente
É urgente silenciar o silêncio
Que me grita como um louco
Mas que eu já nem ouço...





Penso que morri
Não sei...

Só sei
Que já nada sou
Insana mente a minha
Que se perdeu
De mim...

E permaneço aqui
Neste lugar oco
De um deserto
Arado pelo vento
Num qualquer algures
De um tempo findo

Onde nada existe
A não ser
Este silêncio gritante
E teimoso
Que ecoa na minha mente
Inconsciente
Vezes e vezes
Sem conta...!

É urgente
É urgente silenciar este silêncio
Que me aprisionou a alma
Deixando-a trancada
Neste inútil corpo!...

Nada disto é real!
São apenas palavras alinhadas ao acaso, movidas pelos sucessivos impulsos criativos da minha mente inquieta, perante a perspectiva de uma morte em vida, contrariada pela tão controversa proibição da eutanásia...

1 comentário:

  1. Um poema divino! Todo texto tem seu leitor-alvo: eis-me aqui, feito para mim! Parabéns!

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