15.3.10

Amor

peço-te que juntes todas as estrelas num monte
e mostra-me o pormenor do hálito do silêncio
Põe a escada pensativa para descer e vê quem sou
Abraça-me com modos às cegas
desse modo saberás então que em meu corpo o xisto brilhará

Escrevo porque o vinho é coisa muito
Se pensas que a Verdade não existe
Experimenta o diálogo com as águas
Os peixes virão à tona segredar-te
O que é o amor
Essa beleza predadora

Amor
O movimento de translação só é possível com a força do ódio
Mandemos parar o Tempo com um grito
Antes que a boca mastigue em vão
E o polvo que habita algures no corpo ressuscite

Não faças do silêncio uma eterna apólice
Recusa essa sábia beleza
Em minhas mãos terás o conhecimento da terra que fora revolvida
Onde o silêncio defeca com serenidade

Sei lá que montanha me dedica o seu desnorte
Sei lá que horizonte combina com o meu traje de poeta
Sabias que tenho vindo a adiar sucessivas mortes
E nada me deste

Lembro que em teu corpo perdi a consciência
Agora ando por aí como o fruto que não vai ter a mão nenhuma
Enrolado no útero da terra
Onde um bicho morde o ânus

Amor

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