31.3.10

DESTINO



Amigas elas eram

Muitos falavam maliciosamente

Êta língua ruim dessa gente!


Uma, era 10 anos mais jovem que a outra...

Eram como irmãs!

A mais velha, casada, tinha dois filhinhos

E a amiga jovem, cuidava também dos pequeninos...

Certo dia, a amiga casada adoeceu:

Moléstia irreversível, se deu...


E quase às portas da morte

Mandou chamar:

A jovem amiga, e seu marido barbeiro

Lá estavam no quarto os três

E mais os pequeninos filhos

A morte se anunciava

E com lábios trêmulos, ela pediu:

Casem-se depois de seis meses

Vina e Dirceu...


A jovem Vina, ficou pasma

Com tal pedido dela...

Mas assentiu pela amizade

De fazer para a amiga,

Sua última vontade...


E assim olhos fechados,

Sorriso nos lábios,

Para colorir um pouco, aquele tétrico momento

Carolina se foi

Deixando`a Dirceu, a jovem amiga

Presente seu...


E ele, depois dos tais meses de luto

Cuidou do matrimônio...

Vina, que mal passava de uma menina

Casou-se com o barbeiro

Ex esposo de sua melhor amiga

A quem ela deu inteira atenção,

Desde aquele momento então...


As crianças gostavam dela

Era como se fosse, sua irmã mais velha...

Pois apenas tinha 18 anos, não muito mais que eles

Que passaram a ser, seu maior tesouro...

Muito mais que qualquer pote de ouro!


Dirceu se apaixonou de verdade

E Vina também!

Agora, ela tinha até ciúmes

Do seu esposo, encomendado

Mas que o destino

Que para ela, ele serviria...


E tanto era esse amor

Que uma dúzia de filhos,

Tiveram juntos, com muito ardor...

Mas apenas cinco, ficaram vivos,

Naquele sertão nordestino...


Muitos adoeceram e se foram

Mas chegou um dia,

Que Dirceu também se foi...

A morte o chamou

Implacável como ela é

E de um derrame cerebral

O levou, sem deixar sinal...


Vina, triste e chorosa ficou

Mas em sua dor, se lembrou

Que ainda tinha de seu amor,

O maior produto:

Os cinco filhos que restaram

E que eram seu conforto...


Deus a compensara

Pelas perdas da amiga e do esposo

Fazendo dela, mãe fervorosa,

A quem dedico esses meus versos,

Em forma de prosa...


NOTA:EM HOMENAGEM A MINHA AVÓ, JÁ FALECIDA,

É A VINA, DESTA PROSA POÉTICA...


Fátima Abreu

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