8.4.10

como construí
esta lucidez de
-lava
massajando a carne
-nupcial.
o rosto que não morre
quando bebe das entranhas
o reflexo da vida
-liquida.
sei-o
porque o vi enternecido.
nasceu do ventre
-visceral
este coagulo espesso.
bebemos agora o sangue
e nos lábios
apenas uma voz que já fora
-desfalece.
somos apenas sombra
a que come o
-silencio
e que no vazio respira
-suicídio.
pudera no coração dos
-ossos
encontrar respostas
e também em ti me encontrava.
as
-flores
de cinza feitas
o pólen que das lágrimas
-ardem.

regressaste na palavra
-mãe
no símbolo do leite sólido.
tua pele de
-mármore
e eu mordo todas as pétalas
-celestiais
na ansiedade de provar
o teu coração esquivo.

qual
-memória de pedra
nas mesmas ruas de cinza
se cruzam
sombras e
-abismo.
do murmúrio lento,
salgam os ouvidos.
vêem de longe
dissimuladas bigornas feudais.
-ferram-te
submersos pássaros de
-vidro.

raros foram os dias
em que dançavam-nos
-fogo
em todos os poros.

somos agora a erosão da
-terra
o núcleo erecto da
-boca
o álcool que triste adormece nas veias
e o azul do ânus.

-apoteose
que da morte
se faz letra viva.

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