12.4.10

Penso-te como o homem de asas a calcular o chão,
o pescador a recolher memórias das brumas,
na equitação das aves sobre o tempo doutro tempo

Penso-te com as duas mãos a começar o amor,
na respiração dos vulcões que sonham os dias pela calada,
nos pedaços de trigo que levo à boca

Penso-te em abril junho e dezembro,
na casa com a lua cheia por cima,
ao nascer da ninhada de gatos

Penso-te de pulso firme à tatuador
neste primeiro andar do beliche
neste pouco que sou
mas que não faz mal
porque penso-te como pensa o cego
a ler o rosto de uma mulher cega

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