Um dia depois da morte do escritor
Jornal do Vaticano define Saramago como “populista e extremista”
Jornal do Vaticano define Saramago como “populista e extremista”
19.06.2010 - 19:13 Por Lusa
O diário do Vaticano, “L’Osservatore Romano”, publicou hoje um artigo onde define o escritor José Saramago, que morreu ontem aos 87 anos, como “populista e extremista” de ideologia anti-religiosa e marxista.
O diário do Vaticano, “L’Osservatore Romano”, publicou hoje um artigo onde define o escritor José Saramago, que morreu ontem aos 87 anos, como “populista e extremista” de ideologia anti-religiosa e marxista.
Um dia depois da morte do Nobel da Literatura de 1998, o diário da Santa Sé publica um obituário intitulado “A (presumível) omnipotência do narrador”, assinado por Claudio Toscani. “Foi um homem e um intelectual de nenhuma admissão metafísica, ancorado até ao final numa confiança arbitrária no materialismo histórico, aliás marxismo”, lê-se no artigo.
“Colocado lucidamente entre o joio no evangélico campo de trigo, declara-se sem sono pelo pensamento das cruzadas ou da Inquisição, esquecendo a memória do ‘gulag’, das purgas, dos genocídios, dos ‘samizdat’ culturais e religiosos”, acrescenta.
“Colocado lucidamente entre o joio no evangélico campo de trigo, declara-se sem sono pelo pensamento das cruzadas ou da Inquisição, esquecendo a memória do ‘gulag’, das purgas, dos genocídios, dos ‘samizdat’ culturais e religiosos”, acrescenta.
O texto passa em revista a produção literária do escritor português, qualificando o romance “O Evangelho Segundo Jesus Cristo” (1991) de “obra irreverente” que constitui um “desafio à memória do cristianismo”.
“Relativamente à religião, atada como esteve sempre a sua mente por uma destabilizadora intenção de tornar banal o sagrado e por um materialismo libertário que quanto mais avançava nos anos mais se radicalizava, Saramago não se deixou nunca abandonar por uma incómoda simplicidade teológica”, escreve Toscani.
“Um populista extremista como ele, que tomou a seu cargo o porquê do mal do mundo, deveria ter abordado em primeiro lugar o problema das erróneas estruturas humanas, das histórico-políticas às socio-económicas, em vez de saltar para o plano metafísico”, acrescenta. O artigo afirma que Saramago não devia ter “culpado, sobretudo demasiado comodamente e longe de qualquer outra consideração, um Deus no qual nunca acreditou, através da sua omnipotência, da sua omnisciência, da sua omniclarividência”.
Comentário:
“Relativamente à religião, atada como esteve sempre a sua mente por uma destabilizadora intenção de tornar banal o sagrado e por um materialismo libertário que quanto mais avançava nos anos mais se radicalizava, Saramago não se deixou nunca abandonar por uma incómoda simplicidade teológica”, escreve Toscani.
“Um populista extremista como ele, que tomou a seu cargo o porquê do mal do mundo, deveria ter abordado em primeiro lugar o problema das erróneas estruturas humanas, das histórico-políticas às socio-económicas, em vez de saltar para o plano metafísico”, acrescenta. O artigo afirma que Saramago não devia ter “culpado, sobretudo demasiado comodamente e longe de qualquer outra consideração, um Deus no qual nunca acreditou, através da sua omnipotência, da sua omnisciência, da sua omniclarividência”.
Comentário:
O catolicismo no seu melhor!!
Estranhei tanta veemência nas críticas a José Saramago, cobardemente feitas pela igreja católica após a sua morte. Entre muitas, recordo-me terem ficado ofendidos por José Saramago ter ganho, de modo concludente, o debate televisivo contra um dos maiores teólogos portugueses da actualidade, a propósito das verdades do livro Caim.
Estranhei tanta veemência nas críticas a José Saramago, cobardemente feitas pela igreja católica após a sua morte. Entre muitas, recordo-me terem ficado ofendidos por José Saramago ter ganho, de modo concludente, o debate televisivo contra um dos maiores teólogos portugueses da actualidade, a propósito das verdades do livro Caim.
Saramago desmistificou o catolicismo e os fortes aproveitamentos sócio-económicos que os senhores da santa sé (nem me atrevo a escrever com letras maiúsculas!) têm tido ao longo dos séculos. E isso dói! Se na hora da morte de uma pessoa, por sinal um dos mais altos representantes da literatura universal, os chefes católicos reagem desta forma, meus caros mais vale ser ateu (porque eu acredito na fé, não acredito em religiões). Nem contra os seus discípulos pedófilos que por todo o mundo estão espalhados, formados nas suas instituições, a reacção foi tão intensa.
Mas a importância dos extremistas da igreja católica por José Saramago também está ligada ao frutuoso negócio de Fátima, que se assim não fosse, para esses senhores Portugal nem existia.
Mas a importância dos extremistas da igreja católica por José Saramago também está ligada ao frutuoso negócio de Fátima, que se assim não fosse, para esses senhores Portugal nem existia.
Neste momento ficou clarividente que o Vaticano é uma organização perigosa e que atenta contra os valores da humanidade, onde não existe compaixão, comiseração e pesar, mas apenas ódio contra todos aqueles que ousam questioná-los.
Estão autenticamente mascarados de fazedores da paz. Esta mesma organização que ousa questionar mas não aceita ser questionada!
É esta maléfica organização que está a anos-luz de conhecer e reconhecer os valores da democracia, onde o seu principal objectivo é a exploração do Homem. É esta a tolerância apregoada pela igreja católica?
Também a igreja, esta igreja, está a precisar, urgentemente, de um 25 de Abril. Nessa altura, talvez eu me converta
Também a igreja, esta igreja, está a precisar, urgentemente, de um 25 de Abril. Nessa altura, talvez eu me converta
Domingos Lopes da Silva
Barcelos
20-06-2010
Se os que atacam Saramago, pretendem despertar olhares e sentimentos para que cresça o número de inimigos de Saramago, em mim despertaram algo diferente. Se eu já lia Saramago e gostava de o ler, porque me fazia pensar, mesmo que eu não concordasse em certos pontos de vista, de salientar que esses pontos não eram em grande número, pois passei a ler e a "investigar", mais sobre ele, não apenas como escritor, mas como pessoa. Ouvi com muita atenção algumas entrevistas dele, inclusive essa com esse teólogo, mostrou-se pouco convincente nos argumentos que apresentava, contrariando-se em alguns pontos. Ao contrário de Saramago, que como qualquer humano imperfeito admitiu o excesso que cometeu em uma ou duas expressões, mas nunca balançou no que acreditava. Afinal que crime cometeu Saramago? Mais uma vez pergunto. O de ter tido a coragem de pensar e mostrar publicamente o que achava de forças que manipulam o mundo e o fazem andar em sentido contrário aos interesses dos mais frágeis? Se isso é um crime, o que faremos com todos os que foram cometidos ao longo de toda a História, muitas vezes em nome de Deus. Para não falar na manipulação de sentimentos que muitas intituições exercem, sobre sentimentos e a vida das pessoas, muitas vezes levando as pessoas a viverem com medo e a serem possivelmente o que nunca seriam, se não crescessem com o medo de dizer não ou de questionarem e não serem levadas a dizerem sempre Amén ao que é muitas vezes imposto como o normal. Saramago, foi intitulado de desumano e convencido. Desumano? Que maior desumanidade é aquela do que agarrar em milhões, transformá-lo em armas e matar inocentes e ainda transformarem em heróis aqueles que antes de morrerem tantas vidas destruiriam? Convencido? Quais são os convencidos que devemos temer? Eu pessoalmente temo aqueles, que enquanto durmo podem mudar o mundo como bem entendem, convencidos de um poder que lhes é dado pelas proprias massas humanas que eles sufocam.
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