14.2.11

São Vale , Tim ! ( Ó Liberdade !)

Vinha ele
São Valentim
no regaço da rainha
que de prendada na sua bondade , majestosa ! ,
abria as portas de todos os amordaçados
e as prisões de todos os agrilhoados
quando ...
o rei poderoso lhe atravessou a sua espada
no botão-de-rosa em que ela era ...
choveram pingos largos , tão espessos e abuntandes ...
no ...
jardim ...

Quem és tu ?
- perguntou o polén que escorria à gota que o alagara -
- eu ... eu sou ... o pão das rosas ...
- o trigo não chora , é oiro sobre a terra !
- ah ! se eu não fosse lágrima , quem se lembraria do céu ?
mas segredo-te que um dia fui noivo , da esperança !,
até que naquele dia de bocas sem alimento
me despi das minhas vestes palacianas
e me entreguei à donzela de todos os povos ...
e... aí ... a minha noiva morreu nas mãos
daquele que da coroa senhor era ...
- ah , te fizerem sono no momento do teu despontar ...
não vês que os grâos liquídos da tua seiva
alimentam o solo donde irrompem as borboletas ?
- talvez ... talvez ...não te pesa a minha textura
que mancha aleatóriamente toda a brancura ?
- ó , sabes , do teu corpo fragmentado
libertam-se os sopros duma unidade indivisível
tudo é feito dos mais pequeninos pontos ...
entre os quais o que há é ainda mais pontos ...
e pontos ...
- Mas para que sirvo agora que a brancura
se foi nesta explosão de estilhaços vermelhos ?
- em cada pontinha de cada pontinho há um infinito ...
(escutas a canção ? ... )
da alva que era nasceu o vermelho-fogo que é
partícula de todo o vestido de noivado ...
(escutas a canção ? ) ...
não são infinitas as primaveras ?


Luiz Sommerville Junior , A Madrugada Das Flores , 14 Fevereiro 2001,01:27 

Nota : Não me foi possível postar mais cedo e devido ao adiantado da hora
quase final deste dia dos namorados , pensei abdicar deste post por parecer-me
fora do tempo que seria o tempo certo , contudo reconsiderei , por achar que
o mensagem implícita é e vai muito para além deste dia efémero ...
LSJ , 140220112211

Sem comentários:

Enviar um comentário