22.5.11

Um poeta faz-se em silêncio, como os amantes,
entre o tragicamente humano e a alegoria. faz-se 

com o mesmo grau de loucura que o amor, entre a pele 

e a espada, e haver uma deusa 
que traga no peito o inesgotável.
um poeta faz-se com sangue e alegria, noites ébrias
e serpentinas, debaixo das buganvílias, em cima das 

buganvílias, se não houver buganvílias, inventa-as, 

como inventa o céu e a almofada 

onde mais tarde ressuscitará. um poeta faz-se a caminho 

do amanhã, a erguer sombras do fundo,
em sinal de que o amor pode ir mais longe que o mar. 
faz-se com restos de alegria, a procurar-se nos rodapés 
das enciclopédias, a correr
atrás dos relâmpagos e dos animais fantásticos, 
sonhando em candeias,
com o coração em bagos para repartir.

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