22.11.09

«« A cidade ««


Venho perdida num tempo escasso
Perco-me de quase tudo num instante baço
Escorrego pelo declive de mim mesma
Na tarde calma sou trovoada negra
Mas... caminho ao encontro do futuro

E ao virar da esquina tropeço no nu
De um universo descabido
Olho o velho enrugado, passo-lhe ao lado
Embrenhada num eu tresloucado
Mais adiante, olho a criança pedinte
Apresso o passo, sou dama de requinte

Assim vou perdendo tempo sem meiguice
Pensando que não me afundo na imundice
Esqueço-me de tudo o que me é agoirento
Principalmente esqueço-me de ter tempo
Criei uma redoma debaixo do meu nariz
Por azar não caibo nela, mas que mal eu fiz

É este o dia a dia na cidade metropolitana
Fazemos de tudo o que nos dá na gana
Fingimos não ver, e o pior
Esquecemos que ser feliz é um bem maior.

Antónia Ruivo

2 comentários:

  1. Antónia
    Este era o poema que eu gostaria de ter escrito.
    Não descuraste nada daquilo que de uma forma ou de outra, todos vamos sentindo de cada vez que saimos à rua e nos deparamos com este cenário nas ruas.

    Portanto, tiro-te o meu chapéu em sinal de respeito e aplaudo-te de pé!

    Beijo

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  2. "...Na tarde calma sou trovoada negra
    Mas... caminho ao encontro do futuro..."
    bom dia!
    seja bem vindo, neste poema trouxe-nos a estrada para se caminhar.

    saudações poéticas

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