8.2.11

ENFARTE ZINE

Manifesto

ENFARTE: nota de in/tensões

Partiremos das mais remotas origens: o antepositivo fars- (um conjunto de letras que não existe por si só mas que é usado para formar palavras) que tem como ancestral o verbo latino farcire , utilizado para designar o acto de engordar animais para abate, e por extensão, rechear, encher, locupletar. Calcula-se que já na altura, os ditos bichos da engorda, estariam a iniciar o processo de especiação que originaria as nossas afamadas e tradicionais fast fried chickens do Kentucky. Mas de estamos fartos falaremos mais à frente.

Os entendidos da etimologia não estão certos (nós muito menos) mas apontam para uma provável relação entre verbo farcire e a palavra frequens: apinhado, amontoado, cheio; Ainda assim, desconfia-se que o amontoamento generalizado, de uma maneira ou de outra se tem feito religião da moda. Entre as suas descendentes está a palavra farto: o que se diz quando se encheu o bandulho até ao vómito (de notar a enorme popularidade que o termo adquiriu, salvaguardando diversos outros contextos propícios ao açambarcamento colectivo, no boom do novo-riquismo-português-made-in-anos-80); quando se está farto de ouvir o pagode alheio, os resmungos do cônjuge ou amigo letalmente teimoso ou as ordens de gula do apresentador do circo laboral.

Outra derivada, é a palavra fartura , abundância em algum sentido: dinheiro, matéria prima, alimentos entre outras. Palavra essa, também ela abundantemente utilizada no vocabulário ocidental e suas sucursais do século XXI, por castas seculares como abutres, dragões do cómodo, banqueiros, viúvas-negras entre outras variedades de Coisas com tendência para a antropofagia. Uma outra descendente é ainda a palavra farsa, prima por afinidade e conveniência da fartura, palavra inicialmente utilizada para definir representação teatral cómica, breve, que não raras vezes toca o ridículo/absurdo, apresentada antes ou entre representações religiosas medievais; daí derivou o sentido figurado de farsa como embuste, mentira, acto fingido, representação para induzir a um engano.

Se o caro leitor acha que o seu sistema digestivo já não aguenta tanto feno, temos boas notícas, passaremos de imediato para a matéria gorda; Para lá de toda a descendência cândida, aprazível e socialmente integrada da família farcire surge o seu assustador e subversivo filho bastardo: Enfarte ou Infarto , ou seja:

1- acto ou efeito de encher de comida, enfartamento, ingurgitamento

2- obstrução

3- em medicina: lesão tecidual isquémica irreversível, isto é, devida à falta de oxigénio e nutrientes, geralmente associado a um defeito da perfusão sanguínea (oclusão do suprimento arterial ou da drenagem venosa). Esta situação vai levar à morte celular (necrose), a qual vai desencadear uma reação inflamatória local. Nem todos os enfartes são detectados clinicamente, pois alguns não condicionam alterações funcionais significativas (micro-enfartes), sendo apenas detectados através da dosagem de enzimas marcadoras de necrose. O enfarte mais conhecido é o enfarte do miocárdio, ou seja do músculo cardíaco. O enfarte cerebral é chamado acidente vascular cerebral (AVC)

4. em papel impresso e na internet: publicação conspirada por meia dúzia de anticorpos mais ou menos ligados às artes e letras, mais ou menos habitantes de uma cidade mais ou menos fantasmagórica, a norte de um país mais ou menos anémico, mais ou menos em risco de enfarte iminente. Após diagnóstico pata-físico na trilha do Enfarte, deduziram o SANGUE, o MÚSCULO e o ESQUELETO como abrigo para expressões , impressões, informações e outras tentativas de comunicação com o leitor, não sendo sua intenção que os possíveis catalisadores, antídotos e outras poções contidas na publicação, possam induzi-lo a uma orientação formatada, expectando somente a sua demissão do posto da passividade ou doutra coisa qualquer.

Miguel F

COMO PARTICIPAR ?
São aceites trabalhos para integrar as três secções temáticas da Enfarte zine:
>Sangue é reservada à expressão artística de autor: ficção, drama, poesia, guião, escrita autoexploratória, autobiografia, géneros híbridos, slogan, conto livre, ilustração, pintura, desenho, gravura, serigrafia, arte digital, escultura e outras expressões.
>Músculo refere-se a uma categoria de expressão social: crónicas, ensaios, artigos de opinião, artigos históricos e politicos.
Inserido nesta secção temos ainda O Arrôto, noticias do interior, uma sub-publicação independente que se distingue pela intensidade e brevidade dos seus textos e imagens.
«Esqueleto é uma categoria informativa contendo em si reportagens, notícias, artigos temáticos (música, literatura, cinema, ciência, ambiente), agenda cultural, humor.
(o tema/conceito dos trabalhos é livre, sendo que as 3 secções funcionam apenas como categorias/separadores de organização da zine)
Nota: Sendo que a zine terá um tamanho máximo de 20-28 paginas A5 aconselha-se que o trabalhos em formato de texto contenham à volta de 200, 250 palavras (sendo consideradas algumas excepções para a publicação física, sendo que a zine.net nao considera quaisquer limites).


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Data Limite: domingo, 27 de Fevereiro de 2011

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