26.12.11

Carlos Drummond de Andrade e Diana Balis

Carlos Drummond de Andrade e Diana Balis

O trabalho e o lazer, suas linhas se cruzam
pelas ruas do Rio, em tácido concerto.
O religioso gesto de juntar pedrinhas
de calçamento é o mesmo de lançar as cartas
no cassino montado em banco de cimento.
Come fogo, este aqui, e a inveja que me causa...
(Quisera imitá-lo, e falta-me a ciência.)
Outro doma o carro, subjugado dragão
por seu frágil poder mecânico prostrado.
Assim o povo mostra a sua dupla face:
labutar é destino? Há que sobrar astúcia
para fazer de tudo uma espécie de sonho.

Carlos Drummund de Andrade.



O cavalo carrega o lixo do povo subjugado ao descaso
caminhando entre as calçadas, o Rio é lindo.
Obras, caminhões, buracos e capacetes.
Já abastecemos os bueiros com as fumaças na boca do céu
Conversamos com a estátua em Copacabana e usamos o seu chapéu.
Ondas de um mar verde alga, já flutuam em esportes radicais.
A tarefa árdua é transformar as favelas
As civilizações estão cientificamente avantajadas...
Gerações do acaso transformam o turismo em passageiro evento.
O homem do futuro sonha ao acordar no presente,
Quando perde o trem.


Diana Balis, Rio de Janeiro, 26 de dezembro de 2011.

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