24.4.12

a negar-te

depois de todas as verdades
nenhuma em mim ficou
lembro-te
para me esquecer
como quem esquece
de se amar.
assim
em delicados tormentos
gravo-te em todas as coisas
entre passado
e futuro.
na boca guardo
o catavento do beijo
quase dado.
na respiração
sustento
todos os muros
do tempo derrubado
ao nada.
entre as mãos
ternuras ressuscitadas
e em peso
no meu vestido
arrasto o arame farpado
dos dias de papel.
é este o presente
que arde em mim eterno
em todos os versos
que te lembro
com olhos vermelhos
de negar-te.

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