27.11.09



De repente ao olhar pela segunda vez o vestido, parecia-me uma caricatura intencional de alguma coisa, que nem eu sei explicar... não pelo decote, mas, pelo que sobrepunha um certo tom respeitoso em forma extravagante de minúsculos cristais. ele por si só é um grito brutal: falso, oco, e demoníaco. sendo de levíssima seda seu forro, pungente, melancólico, aperolado, não agita a superfície... como se desmaia as cores em sedução dentro disto, tão isento de tema? prodigioso, complicado, toda essa costura fina de linhas múltiplas, sem varanda, sem sentido, sem aconchego e sem verdade... oferece-me mais aperto que minha própria armadura. essa sim, moldada entre os dedos custados de um equinócio em silêncio e sombras úmidas. por outro lado, fica minha vontade de querer que o tempo passe rapidinho, para não ter que olhar o drástico cotidiano dentro da caixa delicada, com uma certa força elegante em manifesto. pois essa merda tem luvas! salva-se os sapatos, em saudosíssima renda nostálgica. são musicais com parâmetros ideológicos belíssimos.

2 comentários:

  1. boa tarde poetisa!
    sem dúvida uma prosa que nos enche de imagens e que, nos seus contornos meio delirantes, nos abrem caminhos para outros caminhos.

    saudações poéticas

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  2. grata amigo, ainda bem que percebeste o 'meio delirante' um ben haja para ti com saudações poéticas por dentro.

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